Os peixes abissais vivem nas profundidades dos oceanos, na escuridão
absoluta, como demónios do mar. Eles utilizam os pontos luminosos para atrair
os outros seres marítimos, comendo-os de uma só vez com os seus grandes e
afiados dentes.
Tal como os peixes, os homens usam a sua inteligência e poder para
atrair os mais fracos e aproveitarem-se deles. Comem-nos!
As pessoas que têm semelhanças com os peixes abissais são solitárias
e vivem na maldade, na escuridão, iludindo os outros seres com falsidade,
mostrando-lhes que os querem ajudar mas a verdade é que estes acabam por
ser devorados com a maior crueldade, quase sem perceberem o que se está a
passar.
Os peixes usam a luz e os humanos a força e inteligência para despertar
a curiosidade das suas presas e, como estas são ingénuas, deixam-se levar
pelos actos ilusórios que lhes foram mostrados. Que maldade, peixes!
Pedro Coimbra, nº 22
Sofia Alvarenga, nº 26
11º Bct
03 junho, 2008
Peixe-palhaço
Neste grandioso e enorme mar, não existe peixe mais vaidoso que
aquele peixe laranja e branco de nome ridículo, sim, esse mesmo, o peixe
palhaço, que, usando um vestido cheio de cores vivas e berrantes, gosta de
dar nas vistas.
Essa vaidade sai-lhe cara pois, durante o seu desfile perante um
público que parece inofensivo, acaba por atrair também as atenções dos
peixes menos desejados, como é o caso dos predadores. Mas achas tu,
peixinho, que és o único vaidoso que passa por estas bandas? Então estás
muito enganado pois existe na terra quem o seja bem mais que tu.
Ali vão aqueles homens, com as suas vestes pomposas e
extravagantes, com os seus adornos, causando uma impressão de riqueza, a
passear pela praça e pavoneando-se de tal maneira que é impossível não
reparar neles. E que ganham eles com isso? Ganham também a perseguição
de uns quantos predadores da terra que, alertados por tanta arrogância, lhes
tentam arrebatar o que têm.
Mas como estes agora não interessam, só interessas tu, criatura do
mar, digo-te que a verdadeira riqueza não está nas cores que vestes, mas
sim na esperteza que se encontra por detrás dessas riscas e, como tal,
muitas vezes o melhor é tentar passar despercebido.
André Mourato
Diogo Gouveia
11º E
aquele peixe laranja e branco de nome ridículo, sim, esse mesmo, o peixe
palhaço, que, usando um vestido cheio de cores vivas e berrantes, gosta de
dar nas vistas.
Essa vaidade sai-lhe cara pois, durante o seu desfile perante um
público que parece inofensivo, acaba por atrair também as atenções dos
peixes menos desejados, como é o caso dos predadores. Mas achas tu,
peixinho, que és o único vaidoso que passa por estas bandas? Então estás
muito enganado pois existe na terra quem o seja bem mais que tu.
Ali vão aqueles homens, com as suas vestes pomposas e
extravagantes, com os seus adornos, causando uma impressão de riqueza, a
passear pela praça e pavoneando-se de tal maneira que é impossível não
reparar neles. E que ganham eles com isso? Ganham também a perseguição
de uns quantos predadores da terra que, alertados por tanta arrogância, lhes
tentam arrebatar o que têm.
Mas como estes agora não interessam, só interessas tu, criatura do
mar, digo-te que a verdadeira riqueza não está nas cores que vestes, mas
sim na esperteza que se encontra por detrás dessas riscas e, como tal,
muitas vezes o melhor é tentar passar despercebido.
André Mourato
Diogo Gouveia
11º E
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Peixe-aranha
À semelhança dos roncadores, também o peixe-aranha se distingue pela sua tamanha pequenez em contraste com o vasto efeito que produz. Para aqueles que não são conhecedores de tal fenómeno, este peixinho, que vive à beira-mar plantado, tem textura e cor semelhante à da areia para que possa com esta ser confundido. Por este motivo, diz-se mesmo que é “invisível” e só o azarado que tem a pouca sorte de lhe passar por cima lhe sente o venenoso pico que, embora não seja mortífero, nem nada que se pareça, não deixa de ser assaz doloroso.
Poderíamos, no entanto, afirmar que, aos olhos dos peixes, o pequenino só realiza tamanho disparate para se proteger mas, se assim fosse, faria como os outros peixes que durante a maré baixa se afastam da costa para longe dos homens. Ora digam-me então se este peixinho não faz precisamente o contrário?! Bem como o homem, o peixe-aranha não foge do perigo, mas também não o enfrenta! Espera que o perigo lhe vire costas e aí ataca, traiçoeiro, sem que possa ser visto. Tão pequenino peixinho e tão grande maldade!
Mas vede, peixinho, que vós não sois como as abelhas, que picam, lançam o seu veneno e morrem como castigo, nem ao menos como o escorpião que, ao sentir-se ameaçado, se pica a si róprio para não castigar os outros. Vós, peixinho, sois piores! Ainda agora picastes um e já estais ronto para outro! Tamanha crueldade só pode ser mesmo equiparada ao homem que não pica, mas lança de uma só vez o seu veneno! Pior ainda que isto, é que, tal como vós, peixinho, deixa os outros passar sem que o vejam e, quando menos estes esperam, atraiçoa-os pelas costas. Tanta cobardia não vos faz lembrar alguém, irmãos peixes?
Sílvia Balhana, nº 25
Bruno Frias, nº3
11º B CT
Poderíamos, no entanto, afirmar que, aos olhos dos peixes, o pequenino só realiza tamanho disparate para se proteger mas, se assim fosse, faria como os outros peixes que durante a maré baixa se afastam da costa para longe dos homens. Ora digam-me então se este peixinho não faz precisamente o contrário?! Bem como o homem, o peixe-aranha não foge do perigo, mas também não o enfrenta! Espera que o perigo lhe vire costas e aí ataca, traiçoeiro, sem que possa ser visto. Tão pequenino peixinho e tão grande maldade!
Mas vede, peixinho, que vós não sois como as abelhas, que picam, lançam o seu veneno e morrem como castigo, nem ao menos como o escorpião que, ao sentir-se ameaçado, se pica a si róprio para não castigar os outros. Vós, peixinho, sois piores! Ainda agora picastes um e já estais ronto para outro! Tamanha crueldade só pode ser mesmo equiparada ao homem que não pica, mas lança de uma só vez o seu veneno! Pior ainda que isto, é que, tal como vós, peixinho, deixa os outros passar sem que o vejam e, quando menos estes esperam, atraiçoa-os pelas costas. Tanta cobardia não vos faz lembrar alguém, irmãos peixes?
Sílvia Balhana, nº 25
Bruno Frias, nº3
11º B CT
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Ostra
Vos falarei agora, peixes, das vossas irmãs, não peixes, mas também habitantes do mesmo elemento. Vede, observai as lindas criaturas! Não são nada bonitas, dizeis vós! Procurai mais longe, vede o seu interior! A ostra esconde, debaixo da sua feia faceta, uma beleza de proporções épicas! A pérola, a pérola é para onde deveis olhar. Vêem o feio exterior e supõem que não é bonita! Oh, peixes, tal afronta esperava eu dos homens! Os homens, aqueles seres vaidosos, esses é que não vêem o interior! Mas, afinal, o que vêem eles? O que se dão ao trabalho de ver? Apenas avaliam a concha, não procuram pérolas! Sim, peixes, nada como a vossa irmã para mostrar como podem ser superficiais tais julgamentos! Tal ignorância merece ser castigada!
Libertai-vos dessa prisão, ultrapassai esse vosso pecado: tal superficialidade, isso é lá para os homens.
Filipe Cardoso
Tiago Silva
11º B
Libertai-vos dessa prisão, ultrapassai esse vosso pecado: tal superficialidade, isso é lá para os homens.
Filipe Cardoso
Tiago Silva
11º B
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Enguia
Não podia, pois claro, esquecer-me daquele animal esguio, capaz de se esconder nos locais mais recônditos do mar, a enguia. Não só parece um réptil marinho como é considerada a pior cobra aquática! De todos vós, amigos peixes, é o animal mais assustador! Dentes afiados e olhos mortiços, tudo tem a ver com um peixe que apenas foi criado para matar. Terá sido um desígnio de Deus? Não, foram os outros peixes e o meio que o tornaram assim. Seguindo furtivamente a presa, não lhe dá possibilidade de escapatória por usufruir de um corpo mais suave e flexível. Mais me espanta ainda o facto de, muitas vezes, a enguia caçar sem necessidade de se alimentar, à semelhança de alguns a quem eu me acostumara a dar o sermão. São aqueles que vos pescam sem necessidade que deveriam ser punidos. Porque não só vos comem como também se comem uns aos outros sem necessidade de tal.
É um peixe que, se o seu estômago desse para tanto, devoraria todo um mar. É como um “criminoso aquático” que vive dos assassínios que comete, procurando a vil doçura do sangue alheio. Não se enganava Aristóteles ao dizer que tal bicho era “nascido dos vermes da terra, filho das entranhas de solo húmido”, pois se é dos outros que sobrevive, devorandoos!
Filipa Belo, nº13
11ºAct
É um peixe que, se o seu estômago desse para tanto, devoraria todo um mar. É como um “criminoso aquático” que vive dos assassínios que comete, procurando a vil doçura do sangue alheio. Não se enganava Aristóteles ao dizer que tal bicho era “nascido dos vermes da terra, filho das entranhas de solo húmido”, pois se é dos outros que sobrevive, devorandoos!
Filipa Belo, nº13
11ºAct
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Combatente
Quem haverá que não goste de um peixinho pequenino e com uma coloração tão discreta?
Em verdade vos digo, se pensais dessa maneira é porque não conheceis a verdadeira façanha do vosso irmão, o combatente.
Nadando nas águas calmas do Sudoeste Asiático, este vosso irmão, de pequeno porte e com aparência inofensiva, ao ver aproximar-se outro peixe, torna-se agressivo mas, para maior espanto vosso, a grande agressividade mostra-a ele contra os da mesma espécie.
E agora vos pergunto, irmãos peixes, tendes vós esquecido a palavra da verdade? Tendes vós esquecido a tão célebre frase que há muito fora dita: ”ama o teu próximo como a ti mesmo”?
Dir-me-eis que não sois os únicos e razão não vo-la tiro, mas parece-me que andares a atacar-vos uns aos outros não é correcto. Achais que a diferença na coloração que existe entre vós vos diferencia realmente? Pois estais enganados! Já experimentastes ver o vosso interior, ou ficais-vos pela aparência?
Mas não deixais que vos rebaixe tanto! A verdadeira discriminação está na terra, entre os homens, pois são estes que possuem o uso da razão e são estes que maiores diferenças encontram entre si. É aqui na terra que os homens, por olharem apenas para o exterior, desencadeiam guerras. São os homens, estes seres que andam à deriva sem encontrarem o verdadeiro sentido da vida, estes seres que em vez de servirem a Cristo servem os seus apetites, que mais discriminam e atacam.
Lembrai-vos agora do que outrora fora escrito quando Caim matou o seu irmão Abel por inveja. Não sei o que pensais desta pobre alma mas digo-vos que Deus não o deixou ficar impune “Porque sete vezes Caim será vingado”!
Que vos parece tudo isto, peixes? Já vos esquecestes de Santo António que pregara em inúmeros lugares de diferentes regiões? Achais que este diferenciava as pessoas que estavam à sua volta? Pois enganais-vos se assim pensais. Santo António a todos tratava de igual modo! E tenho a acrescentar: não vos esqueceis que este não foi apenas o sal da terra mas também do mar e assim podeis ver que as diferenças que procurais entre vós não poderiam estar mais erradas!
Inês Godinho
Pedro Gaspar
11º Ect
Nadando nas águas calmas do Sudoeste Asiático, este vosso irmão, de pequeno porte e com aparência inofensiva, ao ver aproximar-se outro peixe, torna-se agressivo mas, para maior espanto vosso, a grande agressividade mostra-a ele contra os da mesma espécie.
E agora vos pergunto, irmãos peixes, tendes vós esquecido a palavra da verdade? Tendes vós esquecido a tão célebre frase que há muito fora dita: ”ama o teu próximo como a ti mesmo”?
Dir-me-eis que não sois os únicos e razão não vo-la tiro, mas parece-me que andares a atacar-vos uns aos outros não é correcto. Achais que a diferença na coloração que existe entre vós vos diferencia realmente? Pois estais enganados! Já experimentastes ver o vosso interior, ou ficais-vos pela aparência?
Mas não deixais que vos rebaixe tanto! A verdadeira discriminação está na terra, entre os homens, pois são estes que possuem o uso da razão e são estes que maiores diferenças encontram entre si. É aqui na terra que os homens, por olharem apenas para o exterior, desencadeiam guerras. São os homens, estes seres que andam à deriva sem encontrarem o verdadeiro sentido da vida, estes seres que em vez de servirem a Cristo servem os seus apetites, que mais discriminam e atacam.
Lembrai-vos agora do que outrora fora escrito quando Caim matou o seu irmão Abel por inveja. Não sei o que pensais desta pobre alma mas digo-vos que Deus não o deixou ficar impune “Porque sete vezes Caim será vingado”!
Que vos parece tudo isto, peixes? Já vos esquecestes de Santo António que pregara em inúmeros lugares de diferentes regiões? Achais que este diferenciava as pessoas que estavam à sua volta? Pois enganais-vos se assim pensais. Santo António a todos tratava de igual modo! E tenho a acrescentar: não vos esqueceis que este não foi apenas o sal da terra mas também do mar e assim podeis ver que as diferenças que procurais entre vós não poderiam estar mais erradas!
Inês Godinho
Pedro Gaspar
11º Ect
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Caranguejo
Meus caros ouvintes peixes, deixando as covas do mar, apresento-vosagora um outro elemento, ao qual algumas repreensões tenho também a fazer. Refiro-me, pois, ao caranguejo, vosso companheiro. Este excelentíssimo peixe, em mar e em terra se encontra. A vós, caranguejos, não vos chega um meio tão vasto como o mar? Tanta vaidade tendes que vindes também para a terra mostrar-vos, causando dor e sofrimento aos que à beira-mar passeiam, tal como vós gostais de fazer com o vosso vaidoso «tiquetar» de patas? Daqui, bem observo o vosso modo de andar na vida. Esse andar de lado, que só vós fazeis e que tanta ignorância e vaidade mostra. Atacais qualquer ser humano! Sois sorrateiro para com este e, no fim, agis como se nada fosse, simplesmente o ignorais. Reparai, peixes, que os Homens, no seu dia-a-dia, passam muitas vezes por ignorantes para não defrontarem a realidade e tentam passar despercebidos nalgumas situações. Associada a esta ignorância, está a vontade de mostrar serem mais do que aquilo que são, ou seja, está a vossa amiga vaidade, caranguejos.
Vede como eles olham de lado uns para os outros com ar de superiores?! Sim, meus caríssimos peixes, é este o andar de lado dos Homens.
Vede, caranguejos, como é a vaidade e a ignorância aqui na terra! Quereis seguir as pegadas dos Homens?
Ana Mendes, nº4
Marta Catarino, nº22
11º Act
Vede como eles olham de lado uns para os outros com ar de superiores?! Sim, meus caríssimos peixes, é este o andar de lado dos Homens.
Vede, caranguejos, como é a vaidade e a ignorância aqui na terra! Quereis seguir as pegadas dos Homens?
Ana Mendes, nº4
Marta Catarino, nº22
11º Act
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"Mais um peixe ao capítulo V do sermão"
Raia
De aparência calma, a Raia poderia ser considerada a Duquesa dos Mares pela forma como desliza calmamente pelos oceanos com o seu grande manto aberto, mostrando todo o seu esplendor, e, no caso das tropicais, as suas cores cativantes e maravilhosas. Mas debaixo deste “manto” de doçura e brandura, esconde-se a ponta de um veneno letal.
A raia utiliza-o por vezes para se alimentar e também para se defender… Agora as raias da Terra, essas já não usam a sua ponta para os mesmos feitos. As Raias deste mundo são os animais mais dissimulados e maquiavélicos que pode haver! Seduzindo os pobres peixes que por elas se enamoram, atraem-nos para o mais fundo dos abismos, o abismo da paixão, do qual já não sairão com vida. Escondendo-se debaixo da aparência do seu “real manto”, congeminam os mais malévolos planos de ataque e de vingança, e, aproximando-se com doçura e quietude, acabam por revelar o seu ódio e mandam para fora deste mundo as pequenas criaturas que por elas se enfeitiçaram.
De aparência calma, a Raia poderia ser considerada a Duquesa dos Mares pela forma como desliza calmamente pelos oceanos com o seu grande manto aberto, mostrando todo o seu esplendor, e, no caso das tropicais, as suas cores cativantes e maravilhosas. Mas debaixo deste “manto” de doçura e brandura, esconde-se a ponta de um veneno letal.
A raia utiliza-o por vezes para se alimentar e também para se defender… Agora as raias da Terra, essas já não usam a sua ponta para os mesmos feitos. As Raias deste mundo são os animais mais dissimulados e maquiavélicos que pode haver! Seduzindo os pobres peixes que por elas se enamoram, atraem-nos para o mais fundo dos abismos, o abismo da paixão, do qual já não sairão com vida. Escondendo-se debaixo da aparência do seu “real manto”, congeminam os mais malévolos planos de ataque e de vingança, e, aproximando-se com doçura e quietude, acabam por revelar o seu ódio e mandam para fora deste mundo as pequenas criaturas que por elas se enfeitiçaram.
Johanna Magalhães, n.º14
11ºBct
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Uma viagem sem volta à linha que divide o mundo!
Texto de apreciação crítica sobre o livro Equador, de Miguel de Sousa Tavares
“Linha que divide a terra em hemisfério norte e sul”. É assim que Miguel Sousa Tavares começa o seu primeiro e fascinante romance: Equador.
Com uma escrita cativante e simples, o autor retrata a vida de um homem comum, Luís Bernardo, cujas opiniões e habilidades intelectuais o levaram a mudar-se de armas e bagagens para São Tomé e Príncipe, terra para além do Equador, de onde deriva o título do livro, para exercer funções de governador e ver assim toda a sua vida, antes sem rumo, completamente alterada.
Desde o início desta brilhante história que o autor desvenda, com grande originalidade e perspicácia, as duas facetas distintas acerca do trabalho escravo nas roças africanas. Esta visão tão realista e a contextualização pormenorizada que o autor traduz na sua escrita permitem ao leitor a sensação de estar a respirar o ar quente e húmido daquelas terras e o querer desfolhar as páginas do livro sem que se aperceba que está junto de Luís.
Apesar de, na globalidade, estarmos perante um excelente romance, penso que há somente dois factos criticáveis no desenrolar da narrativa: um deles resume-se a grande parte dos acontecimentos finais e importantes ocorrerem tão inesperadamente que, em cerca de vinte páginas, vemos todo o fim subitamente desvendado e com grande surpresa temos de nos despedir das personagens; o outro cinge-se ao facto de se poderem dispensar algumas passagens, como alguns momentos políticos, que nos levam a perder o verdadeiro rumo da acção.
Aproveito esta oportunidade para elogiar a forma como o autor nos ilude, até ao último momento, fazendo crer que o desfecho deste romance seria diferente daquele que se revelou e também a destreza com que o escritor insere no romance Ann, uma personagem sem complexos, que dá ao livro um lado recheado de ousadia e transgressões, facto que contrasta com a sociedade de São Tomé e consequentemente altera a vida a Luís Bernardo.
Sílvia Balhana, nº25
11ºBct
“Linha que divide a terra em hemisfério norte e sul”. É assim que Miguel Sousa Tavares começa o seu primeiro e fascinante romance: Equador.
Com uma escrita cativante e simples, o autor retrata a vida de um homem comum, Luís Bernardo, cujas opiniões e habilidades intelectuais o levaram a mudar-se de armas e bagagens para São Tomé e Príncipe, terra para além do Equador, de onde deriva o título do livro, para exercer funções de governador e ver assim toda a sua vida, antes sem rumo, completamente alterada.
Desde o início desta brilhante história que o autor desvenda, com grande originalidade e perspicácia, as duas facetas distintas acerca do trabalho escravo nas roças africanas. Esta visão tão realista e a contextualização pormenorizada que o autor traduz na sua escrita permitem ao leitor a sensação de estar a respirar o ar quente e húmido daquelas terras e o querer desfolhar as páginas do livro sem que se aperceba que está junto de Luís.
Apesar de, na globalidade, estarmos perante um excelente romance, penso que há somente dois factos criticáveis no desenrolar da narrativa: um deles resume-se a grande parte dos acontecimentos finais e importantes ocorrerem tão inesperadamente que, em cerca de vinte páginas, vemos todo o fim subitamente desvendado e com grande surpresa temos de nos despedir das personagens; o outro cinge-se ao facto de se poderem dispensar algumas passagens, como alguns momentos políticos, que nos levam a perder o verdadeiro rumo da acção.
Aproveito esta oportunidade para elogiar a forma como o autor nos ilude, até ao último momento, fazendo crer que o desfecho deste romance seria diferente daquele que se revelou e também a destreza com que o escritor insere no romance Ann, uma personagem sem complexos, que dá ao livro um lado recheado de ousadia e transgressões, facto que contrasta com a sociedade de São Tomé e consequentemente altera a vida a Luís Bernardo.
Sílvia Balhana, nº25
11ºBct
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