Na génese da nossa associação está o empenho pela recuperação e divulgação do património histórico
ligado às Linhas de Torres Vedras, cujo bicentenário agora decorre, que foi e continuará a ser um dos
grandes objectivos da nossa acção cívica.
Em particular na vila do Forte da Casa, onde se inicia a 2ª linha defensiva, o património aqui existente
constitui um motivo de permanente atenção e preocupação da nossa parte, na medida em que
constatamos que a ocupação do território desta freguesia por novos empreendimentos urbanísticos tem
vindo a ignorar a preservação das fortificações existentes na freguesia, bem como das linhas de vista
entre elas, e pouco ou nada tem sido feito ao longo dos últimos anos no sentido de o preservar, promover
e divulgar.
Do nosso ponto de vista, por exemplo, antes do licenciamento de qualquer projecto, a verificação e análise
em particular dos aspectos patrimoniais, para além de outras condicionantes, deveria ser sempre um dos
procedimentos elementares de qualquer autarquia. Algo que, infelizmente, no município de Vila Franca de
Xira nem sempre tem acontecido.
É um facto que o município de Vila Franca de Xira, enquanto subscritor da Plataforma Intermunicipal para
a Recuperação das Linhas de Torres, perspectiva a recuperação de algum deste património, entre o qual
se encontra o reduto nº 38 (localizado no Largo do Forte da Casa), onde aliás se prevê a edificação de um
centro interpretativo (conforme anunciado publicamente pela C.M.V.F.X., esta iniciar-se-á no próximo mês
de Janeiro). Sendo este um aspecto positivo para a nosso concelho e freguesia, outros não o são,
referimo-nos ao reduto nº 36, parcialmente destruído pela Central de Cervejas no ano 2005, embora o
município tenha por diversas vezes declarado empenho na recuperação o facto é que na prática continuase
à espera de uma intervenção.
Neste contexto, a comemoração de mais um aniversário da nossa associação aparece como mais uma
oportunidade para mais uma vez destacarmos esta questão (da recuperação do património defensivo da
Guerra Peninsular), pelo que o nosso programa de actividades para esse dia será dedicado a este tema.
Todavia, para além da questão patrimonial, também as nossas preocupações e intervenção cívica se
encontra focada nos aspectos relacionados com a relação entre o meio urbano e o cidadão,
nomeadamente e em particular na vila do Forte da Casa, com a ligação e usufruto do Rio Tejo e sua
margem, a mobilidade no interior da vila e a ligação desta com as zonas limítrofes e envolventes, tal como
e designadamente a ligação pedonal ou não motorizada se preferirmos à estação dos caminhos de ferro
da Póvoa de Sta Iria.
Consideramos urgente e necessário que se criem alternativas ao paradigma de mobilidade actual, ligadas
à criação de circuitos pedonais e ciclovias, de tal forma que estas soluções passem a constituir uma
realidade na estrutura urbana, face à não sustentabilidade da locomoção baseada em meios motorizados
(poluidores) que, inclusive, invadam o espaço que por direito próprio ao cidadão pertence.
A cidade, a vila ou qualquer lugar onde vivem ou vivam pessoas precisa de espaços que proporcionem
convívio e fomentem o lazer. As estruturas urbanas carecem da redução de emissões de dióxido de
carbono, o mundo carece de uma utilização mais racional das energias e o Homem precisa de um
ambiente e de um Planeta mais saudável.
Nesta senda, a proposta apresentada e entregue por esta associação, em Junho passado, à Câmara
Municipal de Vila Franca de Xira, preconiza justamente estes aspectos, voltando também a ser outro
motivo de atenção neste aniversário.
Assim sendo, o programa deste dia visa precisamente estabelecer a ligação entre a recuperação do
património e a devolução do espaço urbano aos cidadãos por via da sua qualificação, bem como da
fruição do Rio Tejo, que tão perto e tão longe se encontra da história e da vivência do quotidiano dos
nossos concidadãos deste concelho de Vila Franca de Xira e em particular da vila do Forte da Casa.
Mais, o programa deste dia, que segue apenso, visa concretamente lançar um alerta à reflexão e
intervenção cívica que promova junto das entidades a quem cabe a responsabilidade de actuar, uma
dinâmica activa (numa dupla perspectiva: preventiva e correctiva), em detrimento do persistente adiamento
de acções práticas que salvaguardem a sustentabilidade do território e meio ambiente onde vivemos.
Para além dos nossos associados, como é natural serão bem-vindos outros amigos, ou seja, todos
aqueles que connosco partilhem destas e outras preocupações social, ambiental e patrimonialmente
relevantes.
A Direcção da Associação Cívica “Os Amigos do Forte”
Forte da Casa, 04 de Janeiro de 2009
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