Os gregos admiravam e apreciavam o Homem – pelas suas características e tanto
pelas suas qualidades como pelos seus vícios e defeitos –, entre muitas outras coisas.
Foi devido a essa admiração, e também pela necessidade que sentiam de viver numa
sociedade mais livre e aberta, que criaram a polis: a comunidade/sociedade cuja
organização político-estrutural foi a Democracia. Esta sociedade menosprezava a
“vontade dos Deuses” e apoiava a liberdade de expressão dos seus cidadãos e as suas
ideias, ou seja, todos poderiam participar nos problemas e contribuir para as soluções.
Foi a partir deste ideal de democracia que se evoluiu para o que é, actualmente, a
sociedade democrática.
O regime democrático privilegia o povo e os seus direitos, dando-lhe a liberdade para
participar na organização e gestão da sua própria comunidade. As leis, criadas e
aprovadas pelos cidadãos e mudadas em concordância com estes, quando se torna
mais conveniente, são válidas para todos: ninguém se sobrepõe à Lei. Do mesmo
modo, uma das grandes vantagens da democracia é a não submissão a nenhuma
entidade superior/divina. Este regime político permite que exista abertura, isto é, dá
aos seus cidadãos a liberdade para pensarem, discutirem e debaterem ideias, criarem
e solucionarem problemas, partindo de diferentes opiniões. Assim, a sociedade tornase
mais transparente, isto é, as opiniões dos cidadãos tornam-se públicas e estão
sujeitas a debates por parte de outros cidadãos (denominados políticos), mas também
a juízos: todos os vícios e defeitos se tornam do domínio público. Sendo assim, o
regime democrático é paradoxal: se, por um lado, traz a liberdade, por outro traz o
conflito.
Sendo que grande parte da população de uma comunidade possui apenas os
conhecimentos habituais e mundanos sobre política e retórica, e não o suficiente para
fazer, de facto, política, muitos dos conflitos gerados têm este pressuposto como base:
o cidadão comum não tem a educação necessária para compreender assuntos de
extrema importância na comunidade e, assim, aumenta muito a probabilidade de se
fazerem escolhas erradas na solução desses assuntos. Daí, as muitas contestações
antidemocráticas. A vontade de viver por si próprio pode levar não
à melhoria, mas a uma sociedade cuja organização é um caos.
Até aos dias de hoje, a democracia evoluiu e sofreu diversas mudanças, desde o
conceito puro, criado na Grécia Antiga, até ao que hoje se conhece por sociedade
democrática. Em Portugal, e com origem na Revolução de 25 de Abril, o regime
democrático regrediu ligeiramente, segundo a minha opinião. Actualmente, os
problemas e as respectivas soluções já não se debatem em praça pública e a opinião
dos cidadãos não é requisitada tanto quanto o que era presumível acontecer. Os
direitos e poderes dos indivíduos são delegados no regente do partido eleito – que
passa a representar o povo –, e que apenas em último caso convoca os cidadãos a
participar em assuntos de extrema importância, através de referendos.
pelas suas qualidades como pelos seus vícios e defeitos –, entre muitas outras coisas.
Foi devido a essa admiração, e também pela necessidade que sentiam de viver numa
sociedade mais livre e aberta, que criaram a polis: a comunidade/sociedade cuja
organização político-estrutural foi a Democracia. Esta sociedade menosprezava a
“vontade dos Deuses” e apoiava a liberdade de expressão dos seus cidadãos e as suas
ideias, ou seja, todos poderiam participar nos problemas e contribuir para as soluções.
Foi a partir deste ideal de democracia que se evoluiu para o que é, actualmente, a
sociedade democrática.
O regime democrático privilegia o povo e os seus direitos, dando-lhe a liberdade para
participar na organização e gestão da sua própria comunidade. As leis, criadas e
aprovadas pelos cidadãos e mudadas em concordância com estes, quando se torna
mais conveniente, são válidas para todos: ninguém se sobrepõe à Lei. Do mesmo
modo, uma das grandes vantagens da democracia é a não submissão a nenhuma
entidade superior/divina. Este regime político permite que exista abertura, isto é, dá
aos seus cidadãos a liberdade para pensarem, discutirem e debaterem ideias, criarem
e solucionarem problemas, partindo de diferentes opiniões. Assim, a sociedade tornase
mais transparente, isto é, as opiniões dos cidadãos tornam-se públicas e estão
sujeitas a debates por parte de outros cidadãos (denominados políticos), mas também
a juízos: todos os vícios e defeitos se tornam do domínio público. Sendo assim, o
regime democrático é paradoxal: se, por um lado, traz a liberdade, por outro traz o
conflito.
Sendo que grande parte da população de uma comunidade possui apenas os
conhecimentos habituais e mundanos sobre política e retórica, e não o suficiente para
fazer, de facto, política, muitos dos conflitos gerados têm este pressuposto como base:
o cidadão comum não tem a educação necessária para compreender assuntos de
extrema importância na comunidade e, assim, aumenta muito a probabilidade de se
fazerem escolhas erradas na solução desses assuntos. Daí, as muitas contestações
antidemocráticas. A vontade de viver por si próprio pode levar não
à melhoria, mas a uma sociedade cuja organização é um caos.
Até aos dias de hoje, a democracia evoluiu e sofreu diversas mudanças, desde o
conceito puro, criado na Grécia Antiga, até ao que hoje se conhece por sociedade
democrática. Em Portugal, e com origem na Revolução de 25 de Abril, o regime
democrático regrediu ligeiramente, segundo a minha opinião. Actualmente, os
problemas e as respectivas soluções já não se debatem em praça pública e a opinião
dos cidadãos não é requisitada tanto quanto o que era presumível acontecer. Os
direitos e poderes dos indivíduos são delegados no regente do partido eleito – que
passa a representar o povo –, e que apenas em último caso convoca os cidadãos a
participar em assuntos de extrema importância, através de referendos.
A democracia, cujo significado está, actualmente, relacionado com o conceito de
igualdade, não manteve a sua isonomia, isto é, as leis já não são iguais para todos. Já
não se criam em contexto e conveniência da população, mas para conveniência de
alguns cidadãos. O partido eleito sobrepõe-se aos outros, e existem classes
dominantes. O povo perdeu grande parte dos seus privilégios e a liberdade de
expressão já esteve mais em voga.
No entanto, eu sou uma grande apologista do regime democrático: das eleições, da
delegação de poderes, da igualdade de direitos, da necessidade de deveres, da
cidadania, da imposição e cumprimento de leis, da liberdade de expressão, etc. Não
apoio é democracias fingidas com direitos fingidos. Será democrático que existam
pessoas que fazem dos degraus da Assembleia da República a sua cama? Será
democrático que as pessoas não possam fazer três refeições por dia porque não têm o
que comer? Será democrático que parte das crianças tenha educação e outras não,
quando o conceito de Educação é extensível a todos? Será democrático que grande
parte da população permaneça à porta das urgências dos hospitais públicos à espera
de uma consulta de cinco minutos, quando uma elite tem direito a cuidados de saúde
rápidos e diferenciados? O que é que foi feito das leis de base da Educação? E da
Saúde? E da cidadania? E o que é feito da noção de direitos e de deveres dos cidadãos
da comunidade em que estamos inseridos actualmente? E já agora, o que é feito da
fraternidade humana?
E há que perguntar ainda: deixámos de admirar o Homem? Ou deixámos que o
Homem se admirasse demais?
Muitas perguntas, nenhuma resposta…
11º D, Raquel Alves, nº16
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