09 janeiro, 2009

[SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

Os gregos admiravam e apreciavam o Homem – pelas suas características e tanto
pelas suas qualidades como pelos seus vícios e defeitos –, entre muitas outras coisas.
Foi devido a essa admiração, e também pela necessidade que sentiam de viver numa
sociedade mais livre e aberta, que criaram a polis: a comunidade/sociedade cuja
organização político-estrutural foi a Democracia. Esta sociedade menosprezava a
“vontade dos Deuses” e apoiava a liberdade de expressão dos seus cidadãos e as suas
ideias, ou seja, todos poderiam participar nos problemas e contribuir para as soluções.
Foi a partir deste ideal de democracia que se evoluiu para o que é, actualmente, a
sociedade democrática.
O regime democrático privilegia o povo e os seus direitos, dando-lhe a liberdade para
participar na organização e gestão da sua própria comunidade. As leis, criadas e
aprovadas pelos cidadãos e mudadas em concordância com estes, quando se torna
mais conveniente, são válidas para todos: ninguém se sobrepõe à Lei. Do mesmo
modo, uma das grandes vantagens da democracia é a não submissão a nenhuma
entidade superior/divina. Este regime político permite que exista abertura, isto é, dá
aos seus cidadãos a liberdade para pensarem, discutirem e debaterem ideias, criarem
e solucionarem problemas, partindo de diferentes opiniões. Assim, a sociedade tornase
mais transparente, isto é, as opiniões dos cidadãos tornam-se públicas e estão
sujeitas a debates por parte de outros cidadãos (denominados políticos), mas também
a juízos: todos os vícios e defeitos se tornam do domínio público. Sendo assim, o
regime democrático é paradoxal: se, por um lado, traz a liberdade, por outro traz o
conflito.
Sendo que grande parte da população de uma comunidade possui apenas os
conhecimentos habituais e mundanos sobre política e retórica, e não o suficiente para
fazer, de facto, política, muitos dos conflitos gerados têm este pressuposto como base:
o cidadão comum não tem a educação necessária para compreender assuntos de
extrema importância na comunidade e, assim, aumenta muito a probabilidade de se
fazerem escolhas erradas na solução desses assuntos. Daí, as muitas contestações
antidemocráticas. A vontade de viver por si próprio pode levar não
à melhoria, mas a uma sociedade cuja organização é um caos.
Até aos dias de hoje, a democracia evoluiu e sofreu diversas mudanças, desde o
conceito puro, criado na Grécia Antiga, até ao que hoje se conhece por sociedade
democrática. Em Portugal, e com origem na Revolução de 25 de Abril, o regime
democrático regrediu ligeiramente, segundo a minha opinião. Actualmente, os
problemas e as respectivas soluções já não se debatem em praça pública e a opinião
dos cidadãos não é requisitada tanto quanto o que era presumível acontecer. Os
direitos e poderes dos indivíduos são delegados no regente do partido eleito – que
passa a representar o povo –, e que apenas em último caso convoca os cidadãos a
participar em assuntos de extrema importância, através de referendos.

A democracia, cujo significado está, actualmente, relacionado com o conceito de
igualdade, não manteve a sua isonomia, isto é, as leis já não são iguais para todos. Já
não se criam em contexto e conveniência da população, mas para conveniência de
alguns cidadãos. O partido eleito sobrepõe-se aos outros, e existem classes
dominantes. O povo perdeu grande parte dos seus privilégios e a liberdade de
expressão já esteve mais em voga.
No entanto, eu sou uma grande apologista do regime democrático: das eleições, da
delegação de poderes, da igualdade de direitos, da necessidade de deveres, da
cidadania, da imposição e cumprimento de leis, da liberdade de expressão, etc. Não
apoio é democracias fingidas com direitos fingidos. Será democrático que existam
pessoas que fazem dos degraus da Assembleia da República a sua cama? Será
democrático que as pessoas não possam fazer três refeições por dia porque não têm o
que comer? Será democrático que parte das crianças tenha educação e outras não,
quando o conceito de Educação é extensível a todos? Será democrático que grande
parte da população permaneça à porta das urgências dos hospitais públicos à espera
de uma consulta de cinco minutos, quando uma elite tem direito a cuidados de saúde
rápidos e diferenciados? O que é que foi feito das leis de base da Educação? E da
Saúde? E da cidadania? E o que é feito da noção de direitos e de deveres dos cidadãos
da comunidade em que estamos inseridos actualmente? E já agora, o que é feito da
fraternidade humana?
E há que perguntar ainda: deixámos de admirar o Homem? Ou deixámos que o
Homem se admirasse demais?
Muitas perguntas, nenhuma resposta…
11º D, Raquel Alves, nº16

In a Beautiful Day

In a beautiful day with a clean sky
The fresh earth with a green veil
The stars glittering without stopping
The happy sun doesn’t stop shining.
The summer arrives
Bringing happiness and fun
Next it is time to autumn
That brings a beautiful dream.
Immediately after, it is time for winter
With a soft eternal white touch
And, finally, the spring
Full of colours and a sincere love.
Animals waking up
Little frogs jumping
The birds with their sweet songs
The beautiful and wonderful fields.
So much happiness, so many colours!
So much fun, so many aromas!
How beautiful is nature
How pretty it is
But…
Since man destroys everything
With his products: everything being polluted…
He killed plants and animals,
Destroyed the pretty landscapes and much more!
This world is going to be ruined
With so much pollution, I can’t open my eyes!
So then we talk about deforestation,
My heart stops and falls down
I feel so oppressed that I can’t breathe
Will it be a disease? Or simply the poison of the air
That comes in us and that could kill us,
That leaves us confused and not being able to think.
I see people getting sick,
Animals at risk of disappearing.
I see temperature going up
And the ozone layer getting thinner.
I hear screams from someone that gets caught
By these problems worrying us so much,
Not letting us live!
With so many problems, will we survive?
Men set fire to forests without mercy,
Destroy what the earth has of good,
Cause so much pollution. That is the truth!
Without thinking about the wonderful gift,
The gift of being persons able to change
Step by step nothing left to the next generation.
Unfortunately, it doesn’t matter,
The way that leads to pollution
Keeps on destroying life
Without thinking or with some kind of intention
Since in such a polluted earth
Humans aren’t going to live for much longer!!

Written by Cátia Pinheiro and translated by Bruno Gomes and Tânia Neto (2ºPASC2)

A Democracia

No início do século XX, foram muitas as revoluções que se passaram por toda a Europa,
com o objectivo de derrubar os regimes totalitaristas e implantar um regime político que, em
oposição às ditaduras, fosse marcado pela igualdade dos cidadãos e onde existisse liberdade.
Esse regime, denominado democracia, está, ainda hoje, em vigor no nosso país.
Basta analisarmos a origem etimológica da palavra democracia (demos= “povo” e
kratos=”governo”) para entendermos que neste regime político é o povo que tem o poder de
decisão, quer seja de forma directa ou indirecta. Assim, qualquer cidadão tem o direito e o
dever de participar na vida política do seu país, sendo o exemplo mais óbvio o voto. Através
dele, podemos eleger os nossos representantes políticos, assim como é possível aos cidadãos
revogá-los do poder se as suas funções não estiverem a ser correctamente cumpridas.
É, assim, um regime onde a igualdade está presente e onde ninguém, teoricamente, se
encontra acima da lei. A liberdade de expressão e de opinião é também uma característica
deste regime. Outro ponto, também importante nas democracias, é a “regra da maioria”, uma
vez que as decisões importantes são tomadas por um conjunto de pessoas e não apenas por
uma. Concluindo, é um regime onde o principal objectivo é promover o bem-estar dos
cidadãos, a autonomia, a igualdade política e a procura de consensos, sendo assim, “um
governo do povo, para o povo e pelo povo”.
Apesar desta ser a nossa actualidade, a democracia, ao longo dos tempos sofreu
alterações, remontando a sua origem à antiguidade grega.
Este povo inovador, que passou a dar principal importância ao Homem nas diferentes
áreas do conhecimento, deixando assim de se preocupar com o Divino e com a Natureza, criou
a polis. Nesta cidade democrática grega, o poder assentava na palavra. A análise crítica, a
discussão e a opinião eram fundamentais, uma vez que, também nesta sociedade, eram os
cidadãos que tinham o poder de decisão. Contudo, nesta sociedade, apenas os homens livres
eram considerados cidadãos, sendo postos de parte as mulheres, as crianças e os escravos.
Ainda assim, este regime era marcado pela igualdade desses cidadãos (isonomia), onde
nenhum deles podia estar acima da lei, que por eles era construída e discutida na assembleia
dos cidadãos e onde deixava de ser inalterável, podendo ser modificada sempre que a maioria
considerasse mais conveniente.
Além disto, e como já tinha sido referido, a palavra tem grande força e importância
para os cidadãos gregos e para a vida da polis. Nas instituições democráticas, como os
tribunais, ajuntamentos e assembleias, a oralidade era fundamental, devido a ser aqui que a
maioria tomava as decisões para a sociedade que previamente eram discutidas. Isto só era
possível graças à igualdade do direito à palavra que todos os cidadãos tinham (isegoria). A
democracia, foi, sem dúvida, um passo importante para o desenvolvimento da retórica e da
análise crítica, devido a todas estas características que lhe pertencem.
É, assim, fácil de perceber, que ainda hoje somos herdeiros desta democracia grega, e
que muitas das ideias bases da nossa democracia foram inspiradas na polis grega. A igualdade,
o poder da palavra, o poder dos cidadãos e as instituições democráticas que hoje fazem parte
do nosso quotidiano, são sem dúvida das “invenções” mais importantes deixadas pelos gregos.
Com toda esta descrição, parece-nos que, de facto, a democracia é um regime cheio
de vantagens e sem qualquer erro à vista. De facto, todos os cidadãos têm o mesmo direito a
participar na vida política de um país, não havendo assim qualquer opressão ou imposição por
parte daqueles que governam. Além disso, as leis têm um carácter alterável podendo ser
modificadas quando é mais conveniente. A liberdade de expressão e de opinião permitem
desenvolver o espírito crítico e discutir aquilo que é melhor para o futuro de uma sociedade,
deixando, assim, mais caminhos de escolha. O governo pretende o bem-estar dos cidadãos e
todas as decisões tomadas são de acordo com o que a maioria decide e não apenas por uma
pessoa. Além do mais, sendo a sociedade democrática marcada pelo poder da palavra, existe
espaço para a discussão de ideias e para a procura de um consenso para que todos os cidadãos
sejam beneficiados e não, apenas, parte deles.
Contudo, existem desvantagens que trazem dificuldades para aqueles que vivem em
regime democrático, uma vez que quanto maior é a liberdade, menor é a tranquilidade; e mais
fácil é ser apenas um a tomar uma decisão importante do que vários.
A maioria é quem decide no regime democrático, mas não é por a decisão ser tomada
por várias pessoas que esta se torna mais correcta ou acertada. De facto, o mais provável até é
suceder o oposto. É mais provável a maioria ser constituída por pessoas más e ignorantes do
que o contrário, sendo essas mesmas pessoas a tomarem a decisão. Além disso, é mais fácil
essa maioria decidir tendo por base e consideração os seus próprios interesses do que
considerar o bem-estar de todos os outros cidadãos da sociedade.
Outra dificuldade para os cidadãos que vivem na sociedade democrática é o facto de
serem facilmente “cegados” por belos discursos e informação manipulada. É difícil para a
maioria entender sobre questões complexas e importantes para a sociedade, sendo facilmente
levados por demagogos e bons “retores”. É, assim, fácil fazer mudar a opinião da maioria dos
cidadãos, devido à sua falta de sentido crítico e por acreditarem em tudo o que ouvem sem
serem capazes de se informarem por si próprios. E quando não são enganados, são
“comprados”.
Com esta manipulação, é difícil construir uma sociedade com base nas ideias
democráticas, e construir uma sociedade onde o bem-estar de todos seja o principal objectivo.
Com isto, não quer dizer que seja preferível viver sob um regime ditatorial. Muito pelo
contrário, uma vez que, ainda hoje, somos prejudicados por algumas mentalidades e
consequências desse regime.
O que é realmente importante, é rever os verdadeiros valores democráticos, pois
estes começam a ser esquecidos por todos aqueles que fazem parte de uma democracia.
O “governo do povo” deixa de governar para o povo e passa a governar para os seus
próprios interesses. Quem decide e quem representa os cidadãos, consegue manipular toda a
informação que chega até estes, deixando-os mal informados, e consequentemente, fazendoos
criar opiniões erradas sobre a actualidade. Quem tem poder e dinheiro, consegue comprar
cargos e pessoas, conseguindo-se colocar acima da lei que, teoricamente, seria igual para
todos. Apesar de todas estas lacunas cometidas na sociedade democrática e que a tornam
ainda menos democrática, há uma que terá de ser travada para que todos estes problemas
não cresçam ainda mais. Os cidadãos devem ter opinião e sentido crítico sobre o que se passa
e sobre aquilo que é melhor e mais justo para a sociedade. Devem deixar de lado os seus
interesses e recusarem serem “comprados” por aqueles que mais poder têm. Todos devemos
participar activamente na sociedade em que vivemos pois, quando isto deixar de acontecer
por parte de todos aqueles que constituem, a sociedade democrática estará instalado o caos.
Reinará a corrupção e a manipulação. Deixará de existir justiça e igualdade entre todos os
cidadãos.
A verdade mais preocupante é que estes factos são reais e estão presentes na
sociedade que vivemos. É importante travar estes vícios para que possamos continuar a dizer
que vivemos em democracia.


Catarina Lourenço nº9
Ano e turma: 11ºCct